Muitas empresas, ao buscar uma renovação organizacional, acabam esperando uma espécie de milagre: uma mudança rápida, um insight que traga resultados no curto prazo. (Não é preciso dizer o quanto isso é raro no mercado corporativo.)
Em outros casos, executivos encontram-se presos a conceitos que foram úteis em outro momento, mas que hoje impedem a empresa de avançar. A combinação dessas duas situações – esperar evolução imediata ou resistir a ajustes mais profundos – leva a uma desconexão entre as expectativas por resultados rápidos e a realidade mais complexa dos processos de adaptação.
Identificando os problemas
Para que uma organização realmente se transforme, é necessário abrir espaço para novas perspectivas, mesmo que elas contrastem radicalmente com a forma como a empresa operou até então. Esse é um dos benefícios de trazer uma visão externa, que pode aproveitar soluções testadas em situações semelhantes, sem os vícios naturais da empresa, para enriquecer a estratégia de renovação.
No entanto, é preciso mais do que boas ideias; são líderes e equipes que realmente sustentam o processo de mudança. Esses agentes internos devem adotar e promover as novas diretrizes para que elas permeiem toda a organização. A renovação só será duradoura se os novos comportamentos e práticas passarem a fazer parte do cotidiano da empresa. Esse engajamento permite que as mudanças culturais e estruturais desejadas se tornem permanentes.
Tempo, persistência e um novo compromisso
Empresas frequentemente subestimam o prazo necessário para que mudanças significativas se consolidem. Enquanto a expectativa inicial pode ser a de uma solução imediata, a realidade é que transformações profundas exigem uma base de informações sólida e tempo para adaptação e ajuste. Apenas com essa base é possível alinhar expectativas realistas e sustentáveis ao longo do processo de evolução.
Lideranças que apoiam esse período de adaptação, oferecendo transparência e confiança às suas equipes, contribuem para que a organização se torne mais resiliente e preparada para novos desafios. Em última análise, o compromisso com a renovação e o realismo no entendimento das próprias limitações são fatores determinantes para o sucesso de qualquer processo empresarial profundo.
Estudos indicam que mudanças efetivas em processos de controle e na cultura organizacional demandam, em média, de seis a doze meses para começar a se consolidar. Esse período é necessário para que as lideranças conduzam suas equipes com clareza e segurança, promovendo uma adaptação consistente.
Pode parecer que o caminho é longo demais. Mas esse é o investimento necessário para que as empresas alcancem mudanças significativas e sustentáveis.
Por Henrique Bacellar, Gerente de Projetos da Pratika Consultoria.